Católicos de todo o mundo comemoram hoje o Dia da Bíblia, mas nem por isso as editoras vão explorar a data para alavancar as vendas do livro sagrado. Pelo contrário: os impressores de Bíblias são, na maioria, instituições de cunho filantrópico, que não têm o lucro como objetivo – o que, na visão do mercado editorial, poderia ser encarado como um imenso potencial desperdiçado. De acordo com as maiores editoras do setor, o Brasil produz entre 7 milhões e 8 milhões de Santas Escrituras anualmente, o que o torna um dos maiores editores religiosos do mundo, em disputa acirrada com os Estados Unidos pelo primeiro lugar em vendas. Algumas Bíblias produzidas aqui são exportadas, inclusive em outras línguas.O interesse, dizem os editores, é puramente religioso. “Somos uma entidade social que não tem lucro como objetivo”, diz Erní Seibert, teólogo e secretário de comunicação social da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que sozinha produz cerca de 4 milhões de Bíblias por ano, praticamente a metade do total impresso no país. A entidade possui a Gráfica da Bíblia, onde edita diferentes tipos do livro, que são exportados para 34 países em 18 línguas – como espanhol, inglês, francês, árabe, yorubá e hausa (línguas pan-africanas). O livro sagrado também aparece hoje em diferentes modelos e formatos. São opções para se ter em casa ou para carregar no bolso, com zíper ou alça, de capa camuflada ou cor-de-rosa, sofisticadas ou simples, para estudiosos, pastores, mulheres, crianças, em aúdio, na internet e até em braile – a escrita para os cegos.
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Apesar da falta de interesse no lucro das editoras, o segmento movimenta muito dinheiro. Uma pesquisa da Associação de Editores Cristãos (Asec) mostra que em 2004 o valor das vendas de Bíblias evangélicas, que possuem diferenças dos livros católicos (leia quadro ao lado), chegou a pouco mais de R$ 111,2 milhões – um aumento de 21,3% em relação aos R$ 91,6 milhões vendidos em 2003. Ainda segundo a pesquisa da Asec, em 2003 foram vendidas 4,8 milhões de Bíblias evangélicas, montante que subiu para 6,8 milhões em 2004 – um crescimento de 41%. Como 80% das Bíblias vendidas custam entre R$ 5 a R$ 6, é possível deduzir que as vendas totais cheguem a, no mínimo, R$ 400 milhões por ano.Para Guto Kater, gerente de marketing da editora Ave Maria, que produz cerca de 600 mil Bíblias católicas por ano e tem faturamento anual de R$ 20 milhões, o motivo da grande procura é a enorme população de cristãos do Brasil, que chega a quase 90% do total da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “O evangélico consome mais Bíblia ainda, porque é educado a tê-la e levá-la para a igreja, enquanto o católico recebe a súmula na missa”, explica. A editora Ave Maria investe agora em diferentes modelos de Bíblias, como a que tem uma alça e capa cor-de-rosa, para atrair o público infantil.Outra editora que se voltou às crianças é a curitibana Luz e Vida, que há três meses lançou uma Bíblia ilustrada com a turma do Smilingüido, um bem-sucedido personagem cristão. “A garotada queria e os comerciantes pediam. Alguns pensavam que podíamos simplesmente colocar uma capa do Smilingüido na Bíblia, mas nós queríamos fazer algo diferente”, diz Jubiracy Alves, gerente comercial da instituição. A Luz e Vida já vendeu 50 mil unidades do livro, que tem 896 páginas, 56 delas coloridas, e custa R$ 24,90. A expectativa é alcançar um total de 240 mil unidades vendidas por ano, o que pode gerar um volume de vendas de R$ 600 milhões e levar o faturamento geral do setor para mais de um R$ 1 bilhão.
Marco Sanchotene
::Fonte: Hedeson Alves - Gazeta do Povo
quinta-feira, outubro 05, 2006
Bíblias movimentam R$ 400 milhões por ano
Posted by woldinei on 9:15 AM. - No comments
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