Canoagem no Rio Marrecas

No Sudoeste do Paraná há inúmeros rios onde se pode curtir descidas alucinantes. Nos próximos dias, mostraremos algumas delas. Os esportes radicais nesta região são limitados mas não extintos. O Rio Marrecas possui correnteza ideal para se iniciar o esporte. Agora nesses dias de chuvas torna o rio ainda melhor.

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terça-feira, outubro 31, 2006

Teologia Científica ou Ciência Teológica?



Pensar Criticamente Deus, Homem e Mundo

No editorial do número 186 (1983/6) da revista Concilium, os teólogos David Tracy, norte-americano, e Nicholas Lash, indiano, enfatizam que “parece não só desejável mas até necessária uma volta às questões de cosmologia na atual situação histórica”[1], pois desde o século XVIII os teólogos têm se concentrado nas questões relativas à redenção e negligenciado a teologia da criação. Isto foi uma conseqüência da “antropologização” e da “privatização” da pesquisa teológica.
Por isso, um grupo de teólogos da Concilium participa deste “Projeto X”, colocando um desafio: “Que as questões cosmológicas reingressem em toda a teologia contemporânea”[2]. Isto por razões teóricas e práticas:
· Ocorreu enorme mudança de paradigma nas ciências, e antigos modelos científicos rígidos dominados pelo mecanicismo, pelo materialismo e pelo positivismo foram superados em favor de posturas mais flexíveis e menos arrogantes dos cientistas, posturas estas exigidas pelas teorias da evolução, pela teoria da relatividade, pela mecânica quântica etc.
· A mudança de paradigma também ocorre na teologia, que, com exceção das posturas fundamentalistas, abandonou as clássicas concepções a-históricas e autoritárias do passado, partindo para um diálogo com as ciências humanas (por exemplo, a teologia da libertação e as várias teologias do político) e - o que se requer cada vez mais - com as ciências da natureza, para poder pensar criticamente a relação Deus-homem-mundo. Tanto a “guerra” ciência x religião como o “concordismo” fácil entre visão científica e visão teológica da realidade estão superados.
· A crise ecológica e a crescente consciência de amplos setores da sociedade de que nós, os seres humanos, somos profundamente integrados com o meio-ambiente que nos cerca, exige que “a luta pela justiça deve também incluir a luta pela ecologia - não só para assegurar a justiça para outras criaturas que não o ser humano, mas até para assegurar a justiça mais elementar de todas: um ambiente em que possam viver as futuras gerações de seres humanos”[1].
Pode-se finalizar com o apelo de John Collins, no primeiro artigo deste número da Concilium, que é o de “encontrarmos um meio de integrar nossos valores humanos com um enfoque cosmológico, se é que nossa teologia quer representar algo mais do que apenas um fragmento de nossa experiência”[2].

[1].Idem, ibidem, p. 126. No Congresso da SOTER de 1996, que teve como tema a Teologia e novos paradigmas, esta era a preocupação central dos teólogos brasileiros. Mas salientou-se também a necessidade de manter viva a reflexão teológica da libertação, evitando, assim, o risco de uma despolitização e elitização do debate teológico. Cf., sobre isso, DOS ANJOS, M. F. (org.), Teologia e novos paradigmas, São Paulo, Loyola/SOTER, 1996. O Congresso da SOTER de 1999 abordou a questão, tendo como tema Mysterium Creationis: um olhar Interdisciplinar sobre o Universo. Observe-se, também, a preocupação ecológica nas mais recentes obras de Leonardo Boff.
[2]. COLLINS, J., Cosmologia do Novo Testamento, em Concilium 186 (1983/6), p.12. Nestes posicionamentos da Concilium os teólogos assumem a definição de E. Schillebeeckx de que "a teologia é uma tentativa de interpretar o mundo estabelecendo correlações mutuamente críticas (na teoria e na prática) entre as interpretações de nossa situação atual e a tradição cristã" (p. 124).


Este artigo foi publicado inicialmente em Cadernos de Teologia n. 4 (setembro de 1997), Campinas, FTCR da PUC-Campinas, pp. 7-24.


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